Por Jacy Carvalho do Nascimento.
Após
ler o livro de Paulo Freire, ”Pedagogia da Autonomia“ e ouvir a palestra da
escritora Chimamanda Adichie, intitulada ”O Perigo da História única”, faço uma
reflexão a respeito das duas obras, porque ambas nos levam a refletir a sobre a
nossa própria formação, levando-nos a uma viagem no tempo, fazendo-nos lembrar
de todo o aprendizado que tivemos na escola e também, de nossa participação na
sociedade e de todas as influências que dela
recebemos. É a gente dentro do mundo e o mundo dentro da gente, na nossa
forma de pensar, agir, participar, imaginar e viver.
Quando a
escritora narra a sua história, sendo ela nigeriana e tendo que estudar inglês,
por imposição do sistema educacional do seu país, entende-se que sua autonomia
já foi violada. Na sequencia, ela conta
que ao estudar nos Estados Unidos, percebeu a forma distorcida com
que as pessoas entendiam o que era a África,
um país ao invés de um continente, repleto de pessoas pobres, famintas,
incultas, incapazes e de aparência anormal . Essa forma de visão, reduzida, desinformada e
única, levou a autora a escrever e a divulgar o seu trabalho, o trabalho de alguém que realmente
pode contar verdadeiras histórias sobre o seu país e o seu continente, por conhecer
a África e seus vários personagens, seus vários dialetos, suas várias culturas e inúmeros seres humanos, que também merecem ser
respeitados como cidadãos.
Segundo Paulo
Freire, essa forma única errada de visualizar pode acontecer também dentro das
escolas, quando os professores não respeitam a diversidade e não procuram conhecer as diferenças, usando
de arrogância e imposição, desconsiderando os conhecimentos prévios dos
estudantes e, apenas repassando os conhecimentos, ao invés de construí-los
junto com os alunos.
O perigo da
história única está no fato de se fazer um preconceito errôneo, que a
imaginação e a visão distorcida geram na mente das pessoas desinformadas ou,
induzidas ao erro, por alguma pessoa de má fé ou de má índole ou leiga. Quando a escritora relata as suas histórias ela revela o seu talento e,
mesmo quando conta a respeito da forma indecorosa com que muitas pessoas
escreveram sobre a África, ela o faz usando de certos princípios, que podemos
encontrar no livro de Paulo Freire, tais como, caráter, dignidade, coerência,
humildade, generosidade e respeito.
No Mundo capitalista, o dinheiro vale mais
que as pessoas e o poder financeiro pode gerar a arrogância, a discriminação, a
intolerância e a imbecilidade. É preciso que tomemos cuidado com o perigo de se
enxergar uma história única, porque geralmente são os pequenos detalhes que fazem as grandes diferenças.
Felizmente
Chimamanda pôde mostrar para o mundo a sua competência e beleza, o que é muito
parecido com a boniteza da simplicidade da qual fala Paulo Freire, no processo
de ensino e aprendizagem, quando professores e alunos constroem juntos o conhecimento
no âmbito educacional.
Que a Pedagogia da Autonomia seja praticada
com amor, que a história de um povo seja contada narrando a verdade, que os
africanos sejam respeitados e, que não deixemos de sonhar com um mundo melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário