quarta-feira, 13 de junho de 2012

UMA RELAÇÃO ENTRE O PERIGO DA HISTÓRIA ÚNICA E A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

   
 Por Jacy Carvalho do Nascimento. 

 Após ler o livro de Paulo Freire, ”Pedagogia da Autonomia“ e ouvir a palestra da escritora Chimamanda Adichie, intitulada ”O Perigo da História única”, faço uma reflexão a respeito das duas obras, porque ambas nos levam a refletir a sobre a nossa própria formação, levando-nos a uma viagem no tempo, fazendo-nos lembrar de todo o aprendizado que tivemos na escola e também, de nossa participação na sociedade e de todas as influências que dela  recebemos. É a gente dentro do mundo e o mundo dentro da gente, na nossa forma de pensar, agir, participar, imaginar e viver.
Quando a escritora narra a sua história, sendo ela nigeriana e tendo que estudar inglês, por imposição do sistema educacional do seu país, entende-se que sua autonomia já foi violada. Na sequencia, ela conta  que ao estudar nos Estados Unidos, percebeu a forma distorcida com que  as pessoas entendiam o que era a África, um país ao invés de um continente, repleto de pessoas pobres, famintas, incultas, incapazes e de aparência anormal .  Essa forma de visão, reduzida, desinformada e única, levou a autora a escrever e a divulgar o seu  trabalho, o trabalho de alguém que realmente pode contar verdadeiras histórias sobre o seu país e o seu continente, por  conhecer  a África e seus vários personagens, seus vários dialetos,  suas várias culturas e  inúmeros seres humanos, que também merecem ser respeitados como cidadãos.
Segundo Paulo Freire, essa forma única errada de visualizar pode acontecer também dentro das escolas, quando os professores não respeitam a diversidade  e não procuram conhecer as diferenças, usando de arrogância e imposição, desconsiderando os conhecimentos prévios dos estudantes e, apenas repassando os conhecimentos, ao invés de construí-los junto com os alunos.   
O perigo da história única está no fato de se fazer um preconceito errôneo, que a imaginação e a visão distorcida geram na mente das pessoas desinformadas ou, induzidas ao erro, por alguma pessoa de má fé ou de má índole ou leiga. Quando a escritora relata as suas histórias ela revela o seu talento e, mesmo quando conta a respeito da forma indecorosa com que muitas pessoas escreveram sobre a África, ela o faz usando de certos princípios, que podemos encontrar no livro de Paulo Freire, tais como, caráter, dignidade, coerência, humildade, generosidade e respeito. 
No Mundo capitalista, o dinheiro vale mais que as pessoas e o poder financeiro pode gerar a arrogância, a discriminação, a intolerância e a imbecilidade. É preciso que tomemos cuidado com o perigo de se enxergar uma história única, porque geralmente são os pequenos detalhes     que fazem as grandes diferenças. 
Felizmente Chimamanda pôde mostrar para o mundo a sua competência e beleza, o que é muito parecido com a boniteza da simplicidade da qual fala Paulo Freire, no processo de ensino e aprendizagem, quando professores e alunos constroem juntos o conhecimento no âmbito educacional.  
 Que a Pedagogia da Autonomia seja praticada com amor, que a história de um povo seja contada narrando a verdade, que os africanos sejam respeitados e, que não deixemos de sonhar com um mundo melhor.                                                                                                                                      


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